Muitos trabalhadores chegam a trabalhar até 14 horas por dia, percorrendo mais de 100 quilômetros para realizar a coleta de frangos
A JBS/SEARA de Sidrolândia, juntamente com suas empresas terceirizadas responsáveis pela “coleta de frango”, está enfrentando acusações de trabalho escravo.
Segundo Sergio Bolzan, presidente do Sindaves (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Carnes e Derivados), os trabalhadores que prestam serviço à Seara, uma subsidiária da JBS, estariam sujeitos a jornadas extenuantes e condições precárias. Essas alegações levaram à abertura de uma ação civil pública, buscando ressarcimento e reparação por danos morais e existenciais a mais de uma centena de trabalhadores e ex-funcionários da Seara.
Jornadas extenuantes e condições precárias:
De acordo com o vice-presidente do Sindaves, a maioria dos trabalhadores tem carga horária de mais de 12 horas diárias e não cumpre o período mínimo de descanso entre expedientes, conhecido como interjornada. Muitos trabalhadores chegam a trabalhar até 14 horas por dia, percorrendo mais de 100 quilômetros para realizar a coleta de frangos.
Além disso, o sindicato alega que os trabalhadores não recebem adicionais por insalubridade em atividades de risco e não têm equipamentos de proteção individual adequados para o desempenho de suas funções. As condições precárias nas granjas também são apontadas, com cerca de 30% dos aviários não possuindo vestiários, refeitórios adequados ou banheiros apropriados. Essas condições inadequadas tornam o ambiente de trabalho ainda mais desfavorável para os trabalhadores.
Responsabilidade da JBS:
A Seara terceiriza a contratação de trabalhadores para a atividade de “pega de frango”, que consiste no recolhimento e transporte das aves das granjas para os frigoríficos. Sergio Bolzan destaca que a JBS tenta transferir a responsabilidade para as empresas terceirizadas, mas decisões judiciais afirmam que a empresa também é responsável por fiscalizar os prestadores de serviço. O sindicato afirma que é a JBS que estabelece a programação das rotas e jornadas de trabalho, tornando-a corresponsável pelas condições enfrentadas pelos trabalhadores.
Trabalhadores indígenas:
Além das alegações de más condições de trabalho, o sindicato também revelou que 15 trabalhadores indígenas foram encontrados em situação análoga à escravidão. Esses trabalhadores estavam alojados em uma casa sem estrutura adequada para refeições e sem acesso a itens básicos de higiene pessoal. O sindicato alega que a JBS e suas terceirizadas não forneciam comida, água, utensílios de cozinha ou itens de higiene pessoal para esses trabalhadores. Após a denúncia, os trabalhadores indígenas foram demitidos sem receberem o acerto de rescisão e enfrentavam dificuldades para retornar às suas aldeias devido à rotina exaustiva de trabalho.
Posição da empresa:
Em resposta às acusações, a Seara afirmou que, assim que soube do caso dos trabalhadores indígenas, exigiu que o fornecedor terceirizado cumprisse as regras trabalhistas, incluindo a melhoria das condições de alojamento. A empresa ressaltou que possui protocolos rigorosos e controles em suas operações para garantir que todos os fornecedores cumpram suas obrigações legais e proporcionem um ambiente de trabalho seguro e adequado para os funcionários.
A Seara também declarou que realiza vistorias técnicas para verificar todo o processo de coleta de frangos e a regularidade das empresas terceirizadas prestadoras de serviço.
As acusações de trabalho escravo envolvendo a JBS e suas empresas terceirizadas de “pega de frango” são graves e demandam uma investigação aprofundada por parte da justiça. A ação civil pública movida pelo Sindaves busca ressarcimento e reparação para os trabalhadores que foram submetidos a jornadas extenuantes e condições precárias.
A responsabilidade da JBS na fiscalização de seus prestadores de serviço também está em questão. É fundamental que medidas sejam tomadas para garantir que os trabalhadores sejam tratados com dignidade e respeito, e que as empresas sejam responsabilizadas por quaisquer violações aos direitos trabalhistas.
Por:Sidrolândia News
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