Movimentos de luta pela terra destacam avanços em processos de desapropriação na região, enquanto tensão persiste
Sidrolândia, no Mato Grosso do Sul, segue como um dos epicentros das discussões sobre reforma agrária no estado. Embora o número de invasões de propriedades tenha diminuído nos últimos dois anos, a cidade abriga um dos quatro acampamentos ativos da Liga Camponesa Urbana do Brasil, que reúne 890 famílias cadastradas no Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
De acordo com Adonis Marcos de Souza, presidente emérito da Liga Camponesa, o acampamento da cidade está localizado em uma área pertencente a grandes devedores da União, o que aumenta as expectativas de desapropriação. “Todos os acampamentos estão em áreas com processos avançados. Sidrolândia, Terenos e Ribas do Rio Pardo são prioridades no diálogo com as autoridades”, destacou.
Redução nas invasões, aumento na tensão
Embora as invasões de propriedades rurais estejam em declínio, o clima de tensão permanece. No último fim de semana, a ocupação da Fazenda São Marcos, em Dourados, mostrou que conflitos podem ser rapidamente reprimidos, como ocorreu com a intervenção do Batalhão de Choque da Polícia Militar.
Na ação, foram apreendidos objetos que indicavam planejamento para resistência, como “miguelitos” (tábuas com pregos), coquetéis molotov e galões de gasolina. A invasão foi desmobilizada em menos de 24 horas.
Adonis reforçou que sua organização não compactua com invasões e destacou o impacto negativo que essa prática pode ter. “A lei é clara: quem invade não pode ser assentado, e o imóvel esbulhado perde a condição de vistoria”, afirmou.
Apoio do governo e do setor rural
A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) também se posicionou, elogiando a postura do governo estadual diante de episódios recentes. “Confiamos plenamente na atuação do governador Eduardo Riedel e das autoridades competentes para evitar a depredação de propriedades privadas”, declarou a entidade em nota.
Enquanto isso, as famílias aguardam avanços concretos nos processos de desapropriação. Segundo Junior Amaral Sobrinho, secretário de um dos movimentos de luta pela terra, a ansiedade cresce. “Estamos aguardando ansiosos a divulgação concreta da prateleira de terras. Sidrolândia tem grande potencial para ser um marco nessa pauta”, afirmou.
O futuro da luta pela terra em Sidrolândia
Sidrolândia segue como uma peça-chave no debate agrário de Mato Grosso do Sul, simbolizando tanto o progresso quanto os desafios dessa luta. A redução das invasões pode ser um indicativo de maior diálogo e avanços institucionais, mas os olhos continuam voltados para as autoridades e para o andamento dos processos de desapropriação. A tensão, apesar de controlada, ainda é palpável, e os próximos meses serão determinantes para o rumo da reforma agrária na região.
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