Reunião com ministra Sonia Guajajara busca solução para impasse histórico em Sidrolândia e Dois Irmãos do Buriti
A retomada das discussões sobre a regularização da Reserva Buriti promete reacender debates e expectativas na região de Sidrolândia e Dois Irmãos do Buriti. Amanhã sexta-feira (29), a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, e o secretário-executivo da pasta, Eloy Terena, participarão de uma reunião com lideranças indígenas na Aldeia Córrego do Meio para buscar avanços no reconhecimento e na demarcação dos 15 mil hectares reivindicados pelos terenas.
Atualmente, os indígenas ocupam apenas cerca de 2 mil hectares da área rural que foi reconhecida como de posse tradicional em 2003. Desde então, a situação tem gerado tensões, incluindo episódios marcantes como a morte de Oziel Gabriel em 2013, durante um confronto ocorrido após uma ordem judicial de desocupação de fazendas.
No caso mencionado, relacionado à Terra Indígena Ñanderu Marangatú, o acordo foi viabilizado com aportes financeiros da União e do Governo de Mato Grosso do Sul, que totalizam R$ 145 milhões para a indenização de 9,1 mil hectares reconhecidos em 2005. No entanto, o processo ainda está em fase de quitação.
O impasse na Reserva Buriti também esbarra na questão financeira. Uma tentativa de acordo realizada há cerca de dez anos não avançou devido à divergência nos valores estimados. Enquanto a União defendia um pagamento de R$ 80 milhões, incluindo o uso de títulos da dívida, os proprietários rurais pediam R$ 130 milhões, considerando benfeitorias e o valor das terras.
O laudo antropológico que fundamenta o processo aponta que a dispersão dos indígenas da região foi causada pela Guerra do Paraguai, impedindo a reocupação do território após o conflito. Apesar do reconhecimento oficial, a falta de um consenso financeiro continua a travar o desfecho.
Para especialistas, o caso da Reserva Buriti simboliza um dilema nacional. “É essencial encontrar um modelo que respeite os direitos dos povos indígenas e, ao mesmo tempo, ofereça segurança jurídica aos produtores rurais. Não se trata apenas de números, mas de uma reparação histórica”, avalia um consultor jurídico que acompanha o tema.
A reunião de sexta-feira é vista como uma nova oportunidade para avançar em um modelo de solução similar ao adotado em Antônio João, reforçando a necessidade de comprometimento político e financeiro das esferas federal e estadual.
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Foto: João Garrigó
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