MEIO AMBIENTE

Climatologista prevê fim do Pantanal em 46 anos: “É uma guerra que precisamos começar a combater”

o bioma pantaneiro pode desaparecer até 2070

Carlos Nobre, referência mundial no estudo do clima, alerta para um cenário catastrófico: o bioma pantaneiro pode desaparecer até 2070, antecipando em 30 anos a previsão feita pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. O especialista se diz “apavorado” com a velocidade da degradação ambiental e afirma que a crise climática global já atingiu níveis sem precedentes.

O renomado climatologista Carlos Nobre emitiu um alerta contundente sobre o futuro do Pantanal. Ele prevê que o bioma, conhecido por sua biodiversidade única, está em risco de desaparecer em aproximadamente 46 anos, até 2070. A estimativa é significativamente mais pessimista do que a de Marina Silva, que afirmou no início de setembro que o Pantanal poderia sobreviver até 2100, se mudanças drásticas fossem implementadas imediatamente. “Acho que ela foi otimista”, disse Carlos em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, acrescentando que “o Pantanal acaba até 2070, sem falar nos outros biomas”.

Nobre destacou que o Pantanal já perdeu cerca de 30% de sua área alagada nos últimos 30 anos e que o fogo tem acelerado essa destruição. “Se continuarmos com emissões altas e só conseguirmos zerá-las em 2050, o que já é um enorme desafio, poderemos chegar a 2100 com a temperatura a 2,5ºC acima da média. Se isso acontecer, o Pantanal não terá mais lago”, alertou.

A situação, segundo Nobre, vai muito além do Pantanal. “A Amazônia, o Cerrado, a Caatinga: todos os biomas estão em risco. Se o desmatamento continuar desse jeito, a Amazônia vai perder pelo menos 50% da floresta até 2070”. Para o especialista, o cenário global é ainda mais preocupante do que os cientistas esperavam. “A ciência previu muito bem que teríamos um El Niño forte em 2022, e a temperatura anual poderia ficar 1,3ºC acima da média. Mas o aumento foi de 1,5ºC. No nosso pior cenário, esperávamos esse aumento apenas em 2028”.

Sobre os incêndios, Nobre é enfático: quase 97% dos incêndios no Brasil são criminosos. “É diferente do que aconteceu no Canadá em 2023, que foi motivado por descargas elétricas. Aqui, são causados pelo homem. É uma guerra e temos de começar a combatê-la”, afirmou. O climatologista também ressaltou a gravidade da crise climática: “Desde que existem civilizações, nunca chegamos nesse nível. São secas, tempestades, ressacas, e agora, incêndios explosivos. Este é o máximo que já experimentamos”.

Apesar das recentes iniciativas do governo federal, como a criação de um conselho técnico-científico para apoiar a autoridade climática, Carlos Nobre acredita que as medidas são tardias e que o Brasil ainda está “muito atrasado” na adoção de políticas efetivas para reduzir as emissões e combater o desmatamento. “Estamos no limite. Se as emissões não forem reduzidas drasticamente, não tem jeito”, concluiu.

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Fotos: Corpo de Bombeiros MS

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