Maior queda foi registrada em Ponta Porã, onde o cereal era comercializado a R$ 90 e passou a R$ 74 na quinta-feira
O preço do milho apresentou queda nos últimos dias. No comparativo mensal, entre março e abril, o preço da saca com 60 quilos recuou até 17,7% em Mato Grosso do Sul.
Apesar de receber menos pela saca atualmente, produtores tiveram um alívio com as chuvas registradas em março, trazendo uma boa perspectiva para a safrinha deste ano.
Conforme os dados da Granos Corretora, no mercado físico de Mato Grosso do Sul, o maior recuo foi registrado em Ponta Porã. A queda foi de 17,7% no comparativo entre 14 de março e 14 de abril. A saca com 60 kg saiu de R$ 90 no mês passado para R$ 74 na quinta-feira (14).
Em comparação com o início da invasão russa à Ucrânia, essa queda é de 16,9%, quando a cotação apontava para R$ 85,50 por saca em 24 de fevereiro.
Em Campo Grande, o recuo foi de 14,4% no intervalo de 30 dias, saindo de R$ 90 para R$ 77. Já na comparação com o dia 24 de fevereiro, a queda é de 9,4%, quando a saca era cotada a R$ 85.
Outra commodity que apresentou quedas no período é a soja. A saca comercializada a R$ 192 no Estado, há um mês, apresentou queda de 11,9%.
No comparativo com o início do conflito entre as nações europeias, a queda é de 9,6%. No fechamento de quinta-feira (14), a saca da oleaginosa era comercializada a R$ 169 em MS.
De acordo com o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS), André Dobashi, a perspectiva é positiva quanto ao desenvolvimento do milho que se vê nas lavouras do Estado.
As plantas da região sul que foram semeadas na última quinzena de janeiro conseguiram pegar uma quantidade boa de chuvas para criar as raízes e depois, por conta do estresse hídrico de fevereiro, elas puderam aprofundar as raízes em busca da água no solo.
“Esse milho foi bem plantado e nasceu em uma situação privilegiada, conseguiu aprofundar as raízes em fevereiro, e a situação é muito boa. Temos milho de qualidade muito boa nas lavouras de MS”, comemora.
Segundo o Centro de Especialidade Econômicas da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), no panorama nacional, a saca foi comercializada a R$ 87,30 na quinta-feira (14), esse valor é 16% menor que de um mês atrás, quando a saca era comercializada a R$ 103,87.
No comparativo com o início da invasão russa à Ucrânia, essa queda é de 10%, comercializada a R$ 96,89 a saca em 24 de fevereiro.
A saca de soja era comercializada a R$ 200,43, há um mês, e apresentou queda de 7,4%. No comparativo com o início do conflito entre as nações europeias, a queda é de 3,5%. No fechamento do dia 14, a saca da oleaginosa era comercializada a R$ 185,63.
PERSPECTIVAS
Corretor de grãos da Granos Corretora, Carlos Dávalo comenta que o mercado inteiro está muito animado com as expectativas da lavoura para essa segunda safra 2021/2022.
“Será recorde. Teremos números muito animadores, a despeito do que foi a safrinha no último ano e da safra de soja encerrada neste mês”.
O profissional afirma que apesar de bons números, o produtor ainda se preocupa com o custo elevado. Com variações do dólar e aumento no custo de produção, o custo para o produtor ainda deve ficar um pouco menor, mas será tudo retomado com o aumento do custo do frete.
“Por causa do reajuste da Petrobras, o frete este ano deve ficar por volta de R$ 2 a R$ 3 por saca. No fim, o preço pago ao produtor atualmente é de R$ 70, dependendo da localidade, se for em Dourados, até R$ 75”, comenta.
A pressão dos preços para baixo, estimada por Dávalo, baseia-se na previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) de uma safra recorde no País.
Segundo comunicado da empresa pública, o Brasil deve colher 112,34 milhões de toneladas, um incremento de 29% em relação a 2020/2021. Para a segunda safra é esperado um aumento de 47% na colheita, podendo chegar a 86 milhões de toneladas.
Diretor de Política Agrícola e Informações da Companhia, Sergio De Zen ressalta que “esse aumento é por conta dos preços atrativos praticados pelo mercado e pelo plantio realizado na janela ideal da soja, principal cultura que antecede ao milho”.
CAUTELA
A produção estimada pela Aprosoja-MS, para esta segunda safra em Mato Grosso do Sul, é de 9,3 milhões de toneladas do grão com área produzida estimada em 1,997 milhão de hectares e produtividade em torno de 78 sacas por hectare.
Dobashi relata que esses números não estão muito esticados por alguns fatores. Com quebra alta na safra de soja e na safrinha em 2021, muitos produtores podem ter resolvido desinvestir em tecnologia.
“Freamos em 75 e 78 sacas a média, por causa do custo de produção elevado. A estratégia de reduzir esse valor para esse produtor é economizar na tecnologia, nas sementes, explorar as reservas do solo e diminuir a adubação”, revela.
Diferente de Carlos Dávalo, o presidente da associação é cauteloso. “Isso tudo derruba a produtividade. Então não estimamos recorde de produção, até mesmo porque alguns produtores resolveram trocar o milho por outras culturas mais resistentes ao frio, ou na integração lavoura-pecuária”.
O Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima em Mato Grosso do Sul (Cemtec/MS) aponta que o outono e o inverno serão de boas precipitações no Estado, e a maior preocupação passa a ser o frio.
André Dobashi mantém a cautela até as próximas visitas a campo dos técnicos da entidade.
“Esse cenário de chuvas, produtor tecnificado, se fizer uso de boas adubações e boas correções, sem extrair tudo que tinha no sol, podemos ter uma alta produtividade. Nada impede, em uma nova avaliação, de vermos um aumento na produtividade”, justifica o presidente da Aprosoja-MS.
R$ 103,87 no mês passado
Segundo o Centro de Especialidade Econômicas da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), no panorama nacional, a saca foi comercializada a R$ 87,30 na quinta-feira (14), esse valor é 16% menor que de um mês atrás, quando a saca era comercializada a R$ 103,87.
No comparativo com o início da invasão russa à Ucrânia, essa queda é de 10%. No dia 24 de fevereiro, a saca era comercializada a R$ 96,89 no País.
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