Em sessão marcada por desentendimentos e trocas de ofensas, deputados discutem a atuação da polícia contra invasões de propriedades rurais, com destaque para a cidade de Sidrolândia

Na terça-feira (29), a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul viveu um dos momentos mais tensos de sua história recente. A sessão, que inicialmente trataria de questões rotineiras, rapidamente se transformou em um palco de bate-boca entre deputados, motivado por uma discussão acalorada sobre a atuação da polícia em uma ocupação de propriedade rural no estado.
Com a ausência do presidente da Assembleia, Gerson Claro (PP), a sessão seguiu sem direção clara. A falta de ordem provocou uma série de pedidos de “pela ordem”, mas a única coisa que realmente prevaleceu foi a bagunça e a troca de farpas entre os parlamentares.
A cidade de Sidrolândia, conhecida por sua forte presença no agronegócio e pelas recentes questões envolvendo disputas de terras, foi diretamente afetada pela discussão. O deputado João Henrique (PL) abriu os trabalhos com uma moção de aplausos à atuação da polícia, que havia agido contra a ocupação de terras no estado. Porém, Zeca do PT se levantou para apresentar uma moção de repúdio à postura da polícia, acusando-a de agir de maneira arbitrária e com violência.
A confusão aumentou quando o Coronel David (PL) entrou na conversa, apresentando uma moção de repúdio ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), acusando a organização de causar transtornos à população. Ele afirmou que as manifestações não deveriam afetar a vida de quem quer que fosse.
A deputada Gleice Jane (PT) interveio, questionando se a postura do Coronel David em relação aos acampamentos do MST seria a mesma para aqueles que ficaram acampados em frente aos quartéis, tratando da questão sob uma ótica de resistência à democracia.
A discussão alcançou seu ápice quando o Coronel David, em tom acalorado, respondeu que a polícia não toma atitudes baseadas em questões políticas, mas na legalidade. Zeca, em sua vez, refutou a fala de David, chamando a ideia de “legalidade” de “balela”, apontando que pessoas que tentaram dar um golpe contra a democracia, financiadas por fazendeiros, haviam acampado por meses sem que a polícia tomasse qualquer atitude efetiva.
A troca de acusações se intensificou ainda mais quando Coronel David, visivelmente irritado, respondeu com uma ofensa direta a Zeca: “droga é o senhor”, em referência ao partido que o deputado representava. A sessão entrou em um clima de caos, com deputados gritando “pela ordem” sem conseguir restaurar a mínima civilidade.
Diante da crescente tensão, o vice-presidente da Assembleia, Renato Câmara (MDB), que presidia a sessão, decidiu suspender os trabalhos para tentar apaziguar a situação. No retorno, os deputados continuaram o pequeno expediente, mas o debate sobre as ocupações rurais e as ações da polícia ficou interrompido, sem perspectivas de resolução.
A confusão na Assembleia Legislativa reflete o clima acirrado em Mato Grosso do Sul, especialmente em Sidrolândia, onde questões envolvendo o agronegócio e movimentos sociais têm gerado divisões cada vez mais profundas. O impasse sobre a legalidade das ações da polícia e a polarização entre as diferentes correntes políticas indicam que o estado ainda viverá momentos tensos nos próximos dias.
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Foto: Divulgação
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