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Entender a conta de energia é primeiro passo para economizar, alerta especialista

Os altos valores cobrados na conta de energia pegaram de surpresa sul-mato-grossenses neste mês. Com aumentos de mais de 100% em algumas faturas, o assunto segue sendo um dos mais polêmicos até o momento, com direto até à ameaça de abertura de CPI na Câmara dos vereadores da Capital.

De acordo com a Energisa, responsável pela distribuição em MS, o aumento do consumo foi proporcionado pelas altas temperaturas de dezembro. E, como janeiro também quebrou recordes de calor, a tendência é que a próxima fatura também deixe as pessoas de cabelo em pé.

Assim, surge a pergunta: o que fazer para economizar energia nesse período?

Para o professor do curso de Engenharia Elétrica do Centro Universitário Anhanguera de Campo Grande, Lucas Nathan Oberger, além das dicas clássicas – como apagar a luz e desligar aparelhos de modo stand by da tomada – é preciso ficar de olho na fatura e buscar compreendê-la.

Isso porque, segundo ele, a maioria das informações para um consumo consciente e entender que algo pode estar errado está na própria fatura, mais precisamente na parte do histórico de consumo.

“É ali que a gente consegue ver se tem alguma anormalidade, ou se algo no nosso hábito de consumo teve um efeito X ou Y na conta do mês”, explica.

Histórico de consumo

Para Oberger, se nos últimos doze meses de consumo de energia a quantidade de quilowatts-hora (kWh) consumidos está mais ou menos dentro da média, é sinal de que deve estar tudo bem com a instalação elétrica e que talvez seja a hora de iniciar uma política de economia em casa.

“Se você tem uma média anual de, por exemplo, 120 kWh por mês e seu histórico de consumo diz que você gasta entre 110 e 130 kWh, dependendo do mês, podemos dizer que não há anomalias na sua rede. Assim, se você mudar alguns hábitos, pode conseguir redução dessa conta”, explica o professor.

Mas, se o histórico de consumo apontar um aumento crescente ou, ainda, que um determinado mês teve um salto inexplicável na fatura, é sinal de que algo pode estar errado na sua rede. Como? Oberger explica.

Segundo o professor, uma conta que aumenta progressivamente pode indicar problemas na fiação, por exemplo, principalmente se for em um imóvel antigo.

“Para entender esse aumento progressivo, o consumidor tem que ter alguma ideia de quanto é o custo de kWh dele. Ele precisa estimar o consumo mensal de alguns eletrodomésticos que usa com frequência, por exemplo, a geladeira, a TV, as lâmpadas. Os fabricantes fornecem esses dados e assim ele vai ter uma estimativa do quanto consome. Se o valor encontrado foge muito do histórico de consumo, está na hora de chamar um eletricista e iniciar uma investigação”, aponta.

Fiações antigas

O profissional eletricista, conforme diz Oberger, tem condições de fazer averiguações técnicas e descobrir o que está causando aumento do consumo, independente da propriedade ser uma casa, comércio ou indústria. “Se o problema for estrutural, poderá ser resolvido com manutenção. Às vezes a perda de rendimento pode ser só a troca de alguns itens, mas também pode ser a fiação antiga que faz com que haja queda no rendimento”, exemplifica.

No caso dos consumidores comuns, um dos fatores que denunciam que está na hora de investir numa nova fiação são os disjuntores. Se esquentam demais enquanto há vários eletrodomésticos ligados, ou se os disjuntores desligam ou fazem barulhos estranhos, vale a pena investir num eletricista.

“Houve o caso de uma empresa com apenas três lâmpadas que teve aumento de 50 KWh para 139 Kwh mensais. O proprietário achava que estava havendo furto de energia. Mas, quando fizemos a análise, percebemos que era necessário apenas a troca de um cabo, pois o antigo estava causando centelhamentos, o que gera aumento do consumo. Ao trocarmos, a conta caiu para 23 KWh no mês seguinte”, conta.

Vilões do consumo

Por conta das altas temperaturas nas últimas semanas, a busca por alivio ao calor em aparelhos como ventiladores e condicionadores de ar podem ter influenciado no aumento das contas.

“Mas os eletrodomésticos, como as geladeiras, naturalmente já consomem mais nesses dias quentes”, conta o engenheiro. “O refrigerador, por exemplo, faz a troca térmica do interior com o ambiente externo. Se esse ambiente externo está mais quente, o aparelho vai precisar de muito mais energia para alcançar aquela temperatura. Tudo isso contribui para o aumento”, revela.

A melhor saída está no investimento em equipamentos mais modernos – apesar do alto investimento, o retorno pode garantir economia a médio ou longo prazo. “Ar condicionado com tecnologia inverter e refrigeradores com melhores índices de rendimento vão gerar economia”, diz Oberger.

O professor também cita que o último dia 18 de janeiro foi o dia em que mais se consumiu energia elétrica. “Então precisamos nos preparar para a próxima conta, pois acredito que deva vir alta mais uma vez. Porém, vamos ter em mente que conhecendo a conta e mudando hábitos podemos conseguir economia. Temos também formas alternativas, como os painéis de energia solar. São várias soluções que podem trazer economia, mas o primeiro passo é olhar para o próprio consumo”, conclui.

 

 

 | Midiamax

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