Componentes químicos e poluentes da atmosfera, resultantes de queimadas, podem altear o PH da água
Após dias de estiagem em Mato Grosso do Sul, a chuva prevista para esta semana deve cair mais ácida que o normal, em decorrência de componentes químicos e poluentes resultantes de queimadas.
O professor Widinei Alves Fernandes, doutor em Geofísica Espacial pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) explica que a chuva não poluída é levemente mais ácida que o normal.
Enquanto a água tem PH 7, as chuvas possuem PH 5,6, por causa da interação com o CO2, produzindo o ácido carbônico (H2CO3).
Durante o período de inverno, com tempo seco e grandes intervalos sem as chuvas, as queimadas provocam na atmosfera os óxidos de nitrogênio e de enxofre, que reagem com a chuva para formar outros ácidos.
“Assim, as primeiras chuvas devem apresentar uma acidez maior”, ressaltou.
Segundo informações do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima (Cemtec), o tempo deve virar a partir de quinta-feira (26) em Mato Grosso do Sul.
Pode ocorrer temporais com rajadas de vento muito fortes, trovoadas, chance de granizo e pancadas de chuva que podem derrubar árvores e postes.
Fernandes informou que será instalado amanhã (25) um equipamento para coletar e testar o PH da água.
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O meteorologista Natálio Abraão também confirmou a chuva ácida para o Estado.
“Se chover, a reação com a água produz ácido carbônico, que é altamente irritante na pele e olhos”, disse.
O professor Fernandes ressalta que o maior problema são os efeitos no solo, lagos e estruturas, devido ao acúmulo dos resíduos, que podem provocar danos a longo prazo.
“Se houver na atmosfera fuligem, também a atmosfera vai lavar essas partículas”.
Enquanto a chuva não chega, a umidade relativa do ar permanece em níveis baixíssimos nesta terça-feira (24), com índices entre 10% e 35%. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o ideal é de 60% ou mais.
Contudo, o tempo chuvoso contribuirá para queda nas temperaturas e elevação dessa umidade relativa do ar.
No mesmo período do ano passado, o estado também sofreu com as chuvas ácidas.
Com o Pantanal registrando recordes de focos de incêndios, a atmosfera ficou carregada com diversos componentes químicos.
Dados de satélite mostraram que só de dióxido de nitrogênio houve uma concentração quatro vezes maior em setembro de 2020.
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