Lançamento da pré-candidatura de Capitão Contar levou presidente da República a acelerar anúncio oficial para o Estado
Resta apenas marcar a data, mas o presidente Jair Bolsonaro (PL) deve vir ao Estado, ou gravar um vídeo de onde estiver, para reconhecer Eduardo Riedel (PSDB) como seu candidato a governador de Mato Grosso do Sul. Tudo isso deve ocorrer antes das convenções partidárias, apurou o Correio do Estado.
Este novo avanço no xadrez político tanto de Jair Bolsonaro quanto de Eduardo Riedel ocorre para dar mais segurança as duas campanhas em Mato Grosso do Sul.
O lançamento da pré-candidatura do deputado estadual Capitão Contar (PRTB), com a possibilidade de o procurador de Justiça Sérgio Harfouche (Avante) ser o candidato a senador nesta mesma chapa, interfere negativamente nos planos de Jair Bolsonaro em Mato Grosso do Sul, sobretudo na possibilidade de prejudicar sua ex-ministra, deputada federal e pré-candidata ao senado Tereza Cristina (PP).
Tereza Cristina, diga-se de passagem, é a principal fiadora do acordo entre Bolsonaro e Eduardo Riedel.
Uma fonte ligada a Jair Bolsonaro e Eduardo Riedel disse ao Correio do Estado que ambos os candidatos ganham com a aliança: Riedel, porque encontra em Bolsonaro o catalisador que precisava para alavancar sua candidatura, e Bolsonaro, que já é bem popular em Mato Grosso do Sul, contará com uma estrutura que tem apoio de mais de 70 prefeitos no Estado e com centenas de vereadores.
Pacto
O pacto abarcando Riedel e Bolsonaro, candidato à reeleição, em uma mesma corrente política, era tido como “quase certo”, desde o dia 29 de março, data que o presidente junto a então ministra Tereza Cristina (Agricultura) e Riedel foram ao assentamento Itamaraty, em Ponta Porã. Lá, subiram no palco juntos, de onde entregaram escrituras de terras aos moradores.
Ainda naquela data, último de Tereza no ministério, ela disse que deixaria o governo, retomaria o mandato de deputada federal e que concorreria ao Senado e, também, “apoiaria Eduardo Riedel”.
Tereza Cristina disse ao Correio do Estado que quem a incentivou a concorrer a única vaga ao Senado foi “o próprio Bolsonaro”.
“Foi ele [presidente] que disse para eu disputar”, afirmou a agora deputada federal Tereza Cristina, que, ainda em março, filiou-se ao PP.
Além do encontro que tiveram na cerimônia de entrega de títulos de terra, Riedel e Tereza, em Brasília, estiveram com o presidente nesta semana.
Na audiência, segundo interlocutores dos dois pré-candidatos sul-mato-grossenses, Tereza teria reforçado o pedido de apoio de Bolsonaro a Riedel. “Ali ficou tudo acertado”, afirmou uma das fontes, que não soube precisar a data da reunião, mas assegurou ter sido em abril.
Nas eleições de 2018, ano que o governador Reinaldo Azambuja, também do PSDB, reelegeu-se, em aparições nos programas eleitorais e também nas reuniões políticas, ele declarou apoio a eleição de Bolsonaro.
Na época, Bolsonaro, em um vídeo, aparece ao lado de Tereza Cristina falando das eleições de MS, e o nome de Reinaldo foi citado como o preferido pelo então candidato à Presidência.
Confirmada a vinda de Bolsonaro a Campo Grande e o anúncio do apoio ao tucano, pode surgiu um embaraço no cenário político de MS, no âmbito da disputa pela sucessão de Azambuja.
É que o deputado estadual Renan Contar, o Capitão Contar, eleito em 2018 com uma estrondosa votação (78.390 votos), insuflada pela onda bolsonarista, divulgou um mês atrás que também vai disputar o governo. No caso, é um dos adversários de Riedel.
Nas redes sociais, Contar tenta pegar para si o selo de “bolsonarista raiz”, em detrimento do tucano. Só que é com Riedel com quem Bolsonaro e Tereza Cristina estão conversando e negociando.
O anúncio de Bolsonaro, que deve ocorrer até o mês de julho, mas que poderá ser antecipado por conta de movimentos de Contar e de Harfouche, tem o objetivo de fazer com que os planos e acordos do presidente para o Estado se concretizem, informou um antigo aliado de Bolsonaro ao Correio do Estado.
Segundo o aliado de Bolsonaro, o presidente espera ter mais de 60% dos votos em Mato Grosso do Sul, que faz parte de sua estratégia nacional para se reeleger.
Na cúpula bolsonarista, o objetivo é conseguir uma votação expressiva nas regiões Norte e Centro-Oeste para fazer frente à força de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na região Nordeste. Nas regiões Sul e Sudeste, ambos travariam uma disputa mais franca.
7 pré-candidatos
Por enquanto, o período de pré-campanha ao governo de Mato Grosso do Sul tem sete pré-candidatos ao governo do Estado: Eduardo Riedel (PSDB), André Puccinelli (MDB), Marquinhos Trad (PSD), Rose Modesto (União Brasil), Giselle Marques (PT), Professor André Luis (Rede) e Capitão Contar (PRTB).
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