Novas conversas podem ampliar investigação sobre esquema de corrupção chefiado por Claudinho Serra

Relatório aponta dados extraídos de 43 dispositivos e revela novas evidências em Sidrolândia

Trocas de mensagens e arquivos digitais analisados no âmbito da Operação Tromper podem desencadear uma nova fase das investigações que desmantelaram um esquema de corrupção em Sidrolândia. O esquema, segundo o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), era chefiado pelo ex-vereador de Campo Grande e ex-secretário de Fazenda de Sidrolândia, Claudinho Serra (PSDB).

De acordo com relatório apresentado à Justiça, foram extraídos dados de 43 dispositivos – incluindo celulares, notebooks, pendrives e HDs – pertencentes a 23 investigados, entre pessoas físicas e empresas. Entre os materiais analisados estão mensagens de texto, áudios, imagens, vídeos e documentos digitais. Apesar disso, os investigadores não encontraram dados de nenhum aparelho diretamente vinculado a Claudinho Serra, apontado como líder do esquema.

Esquema milionário e suspeitas de obstrução

O esquema de corrupção desviou milhões dos cofres públicos durante a gestão de Claudinho Serra na Secretaria de Fazenda de Sidrolândia, entre 2021 e 2022, no período em que sua sogra, Vanda Camilo (PP), era prefeita. Entre as irregularidades apontadas estão fraudes em contratos do Cemitério Municipal, abastecimento da frota, repasses para empresários e fraudes a licitações.

A delação premiada do ex-servidor Tiago Basso da Silva revelou que empresários pagavam de 10% a 30% dos valores dos contratos como “mesada” a Serra. “As investigações demonstram que o controle financeiro do município era manipulado para favorecer interesses pessoais e de aliados”, afirmou o MP.

O empresário Ueverton Macedo da Silva é um dos investigados que chamaram a atenção. Ele teria escondido um celular em um bunker em sua casa para impedir que as equipes do Gaeco acessassem as provas. “O aparelho não foi entregue, mas não havia bunker nenhum”, declarou ele ao ser questionado sobre o caso.

Próximos passos

Apesar do avanço nas investigações, os dados armazenados em servidores remotos não foram acessados, pois dependem de autorizações judiciais específicas para investigação online. A expectativa é que o novo material permita expandir o escopo da Operação Tromper, que já resultou em três fases e na denúncia de Claudinho Serra e outros 21 réus.

A Operação Tromper segue com força em Sidrolândia, com o apoio do Gaeco e do Gecoc, para investigar e punir os responsáveis pelo desvio de recursos públicos.