Bridgestone, Continental, Goodyear, Michelin e Pirelli são exemplos de nomes que extrapolam a certidão de nascimento dessas empresas. São grifes. Quando se fala em produtos manufaturados, o termo “primeira linha” classifica aqueles de qualidade superior, fabricados por marcas com reputação igualmente bem vista.
O que é comprovadamente melhor – ou visto como melhor -, naturalmente, custa mais. A rigor, essa percepção mercadológica é positiva, pois favorece o lucro dos fabricantes, que podem acrescentar ao preço do produto o valor percebido pelos clientes.
Mas há um efeito nessa estratégia: bens mais caros atraem um público específico e afasta outro. É o que se chama de segmentação do mercado.
Pense em relógios. Um Casio e um Tag Heuer têm a mesma função primária: informar as horas. Mas o segundo custa dezenas de vezes mais. Na conta entram investimentos maiores em marketing, cachês de garotos-propaganda, matéria-prima mais nobre e tecnologia superior. Essa lógica se aplica à indústria de pneus.
Como há mais gente com o orçamento apertado do que aqueles com grana de sobra, o segmento de “baixo custo” ganhou uma relevância que os grandes fabricantes não podem ignorar. Essa é a principal justificativa para empresas conhecidas venderem pneus com nomes desconhecidos.
Saem as grifes, entram as marcas secundárias. Não por menos, quase todas as empresas adotam estratégia semelhante. Nas lojas, frequentemente são chamadas de “segunda linha” – ainda que os gerentes de vendas e de marketing odeiem a alcunha.
Sem despesas com grandes campanhas publicitárias, as fábricas tradicionais têm condições de concorrer por bolsos mais sensíveis. Até a forma de vender muda: esses pneus são encontrados principalmente em redes de supermercados e atacadistas, com margens de lucro menores.
Mas há outros truques para reduzir custo e, claro, o preço na gôndola. Um deles é rebatizar produtos da geração anterior com a segunda marca.
Também é possível retirar da receita do pneu alguns ingredientes nobres – componentes que favorecem a durabilidade ou consumo. As carcaças também podem ser menos robustas, com índices de carga ou velocidade inferiores (suportam menos peso ou velocidade inferior, quando comparados com o pneu do primeiro escalão).
Outra estratégia é reduzir a profundidade do sulco na banda de rodagem. Enquanto os pneus premium oferecem 8 mm, as peças equivalentes com preço menor têm 7.
Nada disso é ilegal ou danoso, pelo contrário. Ao cliente, cabe a decisão de investir mais ou menos, optando por quais tecnologias quer usar no seu carro. Basta analisar as etiquetas do Inmetro, afixadas na banda do pneu novo, para comparar o desempenho. Pneus de mesma medida podem oferecer resultados diferentes. A escolha é sua.
As marcas das marcas
Clientes sensíveis a preço tendem a abrir mão de marcas de primeira linha em nome da economia. Esse filão tem a atenção dos fabricantes, já que todos têm marcas secundárias para vender modelos menos sofisticados. Vale lembrar: não necessariamente esses pneus são piores ou de qualidade inferior.
Eles atendem a compromissos diferentes, como o custo. Em nome do preço baixo, quando comparados a equivalentes das marcas principais (ou à concorrência), podem ter menor profundidade de sulco, ser de uma geração mais antiga ou usar materiais menos nobres. É hora de descobrir qual dessas segundas linhas estão sob o guarda-chuva de que grande fabricante.
Pirelli
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(arquivo/Quatro Rodas)
Formula – Esta é a única linha de baixo custo oferecida pela Pirelli – ela comercializa o modelo Spider. A marca Formula foi criada depois da venda da Ceat, que até então era a marca secundária sob o guarda-chuva da famosa fabricante italiana de pneus.
Hankook
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(arquivo/Quatro Rodas)
Kingstar – De origem holandesa, a marca foi adquirida para expandir a participação da coreana no mercado europeu. Hoje é vendido no Brasil para os aros 13 a 17. Outra marca secundária é a Marshal, que atende SUVs e comerciais.
Laufenn – Tem medidas equivalentes aos da Hankook, atendendo uma gama extensa de veículos, incluindo esportivos e importados. Um pneu de 14 polegadas com essa marca pode ser encontrado por menos de R$ 200.
Michelin
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(arquivo/Quatro Rodas)
Uniroyal – Em outros mercados, concentra-se em SUVs, utilitários e comerciais – no Brasil é pouco comum. Mas a própria rede de lojas Michelin oferece a Tigar, cujos preços são inferiores aos equivalentes com o selo da marca francesa.
BFGoodrich – Longe de ser uma “Série B” (inclusive nos preços), essa marca não concorre com pneus de uso geral da Michelin – atende majoritariamente ao nicho de competição e off-road. A linha todo-terreno tem grife e é concorrente dos GT Grabber. Oferece medidas para carros de pequeno porte, mas a gama é restrita.
Bridgestone
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(arquivo/Quatro Rodas)
Seiberling – Criada pelo mesmo fundador da Goodyear, acabou nas mãos da Firestone e, por fim, sob tutela da Bridgestone, quando esta adquiriu a Firestone. É muito comum nas medidas 13 e 14 polegadas.
Firestone – A Bridgestone incorporou o nome Firestone e não a trata como segunda linha. Mas seus produtos custam menos e são encontrados em medidas menores. O foco das vendas são grandes supermercados.
Continental
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(arquivo/Quatro Rodas)
Euzkadi – De origem mexicana, a marca comercializa principalmente pneus de aros 13, 14 e 15, para modelos populares. Ele é facilmente encontrado na rede Walmart, por exemplo, e em grandes varejistas.
Barum – A rede Conti oferece a marca como alternativa aos pneus do selo Continental, disponíveis nas mesmas medidas. Duas diferenças: notas inferiores em frenagem no molhado e índices de ruído maiores.
General Tire (GT) – Para automóveis, oferece os modelos Altimax, cujo valor é inferior aos Continental. Mas há também os modelos Grabber, especiais para uso fora-de-estrada. Nesse caso, os pneus GT atendem ao nicho 4×4 e se tornaram uma grife no segmento de off-road.
Viking – De origem norueguesa, a empresa foi adquirida pela Continental para suprir a demanda de mercados em desenvolvimento, caso do Brasil. Em varejistas, tem posicionamento e preço semelhantes ao do Euzkadi, que também é da Conti.
Por: Quatro Rodas
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