Ex-chefe de compras de Sidrolândia teve R$ 3,6 mil em espécie guardados em casa
O ex-chefe de compras da prefeitura de Sidrolândia, Thiago Basso da Silva, revelou na delação premiada que tentou esconder na mochila da filha – de 15 anos – dinheiro que ganhou como ‘pagamento’ pelos ‘serviços prestados’ ao grupo que comandava esquema de corrupção no município no dia da operação em que acabou preso.
Conforme revelado pelo delator em depoimento ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), no dia da operação, ele tinha R$ 3,6 mil em espécie em casa. “Minha esposa passa por tratamento psicológico e a consulta que ela faz em Campo Grande com psiquiatra tem que ser paga em dinheiro. Uma vez, peguei um valor e falei pra ela guardar para ela pagar a consulta. Ela tem depressão e crise do pânico, na hora ela ficou desesperada e tentou esconder o dinheiro na mochila da minha filha e tentou tirar de casa, realmente”, revelou.
Ainda segundo Thiago, já chegou a acumular R$ 14 mil em espécie em casa, mas que sempre tinha uma certa quantia guardada em casa.
Delator emitia cerca de R$ 100 mil mensais em notas frias
Ainda de acordo com a delação, Thiago detalha que, mensalmente, emitia cerca de R$ 100 mil em notas frias, ou seja, que não correspondiam ao serviço prestado. Cerca de 60% deste valor seria emitido pela empresa de Rocamora.
“Tinha uma tabelinha lá que o Claudio me passou uma vez que ele falou ‘Oh, do que eu devo, do que a secretaria de fazenda deve, você vai empenhar 60% para Rocamora, 30% para a Marcondes e 10% para a 3M [empresa do Milton Matheus]’. É para trabalhar com essas três empresas […] o interesse deles era fazer valor, não importava se o papel higiênico seria entregue por R$ 3 porque eles não iam entregar papel higiênico”, pontuou.
Thiago Basso da Silva descreveu como Claudinho Serra – na época secretário de Fazenda, Tributação e Gestão Estratégica – fazia cobranças aos empresários vencedores de licitações milionárias no município de Sidrolândia.
Nessa lista de empresários estão alguns réus da Operação Tromper como José Ricardo Rocamora, Luiz Gustavo Justiniano Marcondes e Milton Matheus Paiva Matos. Os pagamentos eram feitos, na maioria dos casos, em dinheiro em espécie.
“O Cláudio Serra cobrava, na época secretário de fazenda, uma porcentagem de 10% das empresas que tinham grandes contratos com o Município, uma porcentagem de 10% de tudo aquilo que era pago pelo Município. Então ele me fazia levantamentos, igual Ricardo Rocamora, outras empresas. Essa empresa recebeu R$ 30 mil neste mês do município, então você tem que cobrar dela R$ 3 mil neste mês. Dez por cento tem que pagar de comissão para a gente aqui”, afirmou Silva durante a delação.
O ex-chefe do setor de licitações explicou que era responsável por ir pessoalmente falar com os diretores das empresas, enquanto as que tinham contratos de maior valor – como para obras de pavimentação – tratavam do assunto no gabinete de Claudinho Serra ou seu assessor Carmo Name tratava.
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