Nas redes sociais, Emanuele mostra que a comida não é vilã e ninguém precisa comer só saladinha para emagrecer saudável
“Emagrecer e ter uma alimentação saudável não é gastar R$ 700,00 na loja de produtos naturais. Não é comer só em restaurantes com opções low carb. Não é ter que comer coisas que não fazem parte do seu dia a dia. Não é ter que comprar 275 suplementos. Nem 310 pílulas por dia. Não tem a ver com shot da gratidão”.
O texto acima é um dos que a nutricionista Emanuele de Emilio Borges, de 30 anos, compartilha com seus seguidores nas redes sociais. Com a promessa de fazer pacientes emagrecerem comendo comidas gostosas, a nutricionista mostra sua rotina e compartilha, quase diariamente, receitinhas para quem sonha em comer comida de verdade de forma equilibrada, ou seja, poder comer em qualquer lugar sem se privar e sem se desesperar.
Crenças de que para emagrecer é necessário sofrer e que o arroz é o maior vilão da história é muito forte na cabeça da maioria das pessoas, explica a nutricionista. “Com certeza o emagrecimento se deve a uma junção de vários fatores. A abordagem do profissional e a adesão do paciente dependem muito da saúde mental que essa pessoa se encontra no momento, a realidade social, cultural e familiar dessa pessoa também deve ser levada em conta. E se pensarmos nisso, é loucura cortar o arroz e feijão de uma população inteira. Pois, além dessa dupla ser saudável, faz parte da cultura do brasileiro”, argumenta.
Na opinião de Emanuele, as dietas restritivas, complexas e cheias de alimentos caros simplesmente não funcionam. “E não funcionam pois não são sustentáveis. Você pode mudar completamente sua alimentação por 1 mês, ou até dois, mas a longo prazo isso não funciona. Você não vai deixar de comer arroz, macarrão ou um brigadeiro para sempre”.
E isso nada tem a ver com comer brigadeiro todos os dias. Nem em comer alimentos hiper processados o tempo todo. “Quando pensamos em adequação e equilíbrio, a coisa fica muito mais leve e muito mais fácil de se tornar hábito, não por um ou dois meses, e sim para o resto da vida. 95% das pessoas que emagrecem, engordam tudo de novo. Isso não é algo que deveria sem encarado com naturalidade”.
Ela reforça que o nutricionista que promove emagrecimento a qualquer custo não cumpre com o seu papel de promover a saúde. “Pois nessas dietas restritivas deixamos de lado a nutrição de fato, além da saúde mental e bem-estar social do paciente”.
O que é, de fato, saudável? Emanuele explica que essa alimentação é composta por alimentos e não produtos, na maior parte do tempo, e que ela permite qualquer pessoa se alimentar em paz onde quer que esteja, ou seja, não precisa ser feita de alimentos complicados ou difíceis de encontrar. “Se comer se tornar algo estressante, frustrante e preocupante, isso não é saudável. Da mesma forma que se a alimentação faz com que você fique com exames alterados, engorde excessivamente ou te gera desconfortos físicos, também não é saudável. Nesses dois exemplos, o problema é o excesso. Eu gosto e acredito numa alimentação que faça parte da vida real de cada um. Que se encaixe no bolso e no dia a dia”.
Emanuele conta que sempre gostou de cozinhar, começou criança e trabalhou com eventos gastronômicos de 2013 a 2015. Comer com prazer e satisfação sempre foi algo importante para ela. “Em 2011, depois de ter começado outras duas faculdades totalmente diferentes decidi fazer nutrição pelo amor que tinha pela cozinha, nessa época estava 10 kg acima do meu peso, e decidida a emagrecer, em 4 meses emagreci, comendo absolutamente de tudo, mas reduzindo quantidades e escolhendo o que, quanto e quando comer. Isso me marcou muito”.
Mas na faculdade, a nutricionista percebia que os conceitos e aprendizados eram um pouco diferentes, e muitos deles, não faziam sentido para ela. “Então, quando me formei em 2014, não me via atendendo, não gostava e não concordava em dizer para as pessoas e elas deveriam deixar de comer as coisas que gostam e que deveriam comer exatamente o que e quanto eu prescrevesse. Decidi que não seguiria a área clínica”.
Em 2015, Emanuele iniciou uma pós-graduação em gastronomia na Anhembi Morumbi de São Paulo e no ano seguinte começou a trabalhar com marmitinhas fits para unir alimentação saudável com sabor, que gerasse o prazer que a comida sempre gerou nela. “Em 2017 precisei fechar a empresa e me mudei para Sidrolândia. Sem trabalhar comecei a ler e estudar muito. Até que um dia eu li um livro que abriu minha cabeça e percebi que poderia ajudar muitas pessoas a emagrecerem, comendo comida de verdade, aquela que todo mundo tem acesso, com alimentos da vida real, como vegetais, arroz, feijão, carnes, e até mesmo um doce”.
Desde então ela atende em consultório em Sidrolãndia localizado na Rua Prefeito jaime Ferreira Barbosa,532 no Gadotti Studio e em 2020 passou a atender de forma online. Também trabalha com grupos que visam uma reeducação alimentar. “Hoje curso pós-graduação em comportamento alimentar, para entender melhor tudo que envolve o nosso jeito e forma de nos relacionarmos e lidarmos com a comida”.
A nutricionista se reinventou quando soube que a nutrição vai muito além de nutrir corpos, além de dizer o que a pessoa teria ou deveria comer. “Percebi que a comida e o comer envolvem amor, sentimentos, sensações que simplesmente não poderiam ser deixados de lado. Unindo a nutrição e meu prazer em cozinhar percebi que meu propósito está em fazer com que as pessoas descubram que pode existir prazer em uma alimentação mais fresca e saudável. Sou aquela nutricionista que adora comer e que entende o valor de sentir prazer ao comer. Acredito em comida de verdade”.
E comida inclui comer arroz e feijão quando sentir vontade. “Da mesma forma acontece com o frango com batata doce, eu gosto, mas não preciso comer todos os dias. Mas via de regra, o que devemos comer na maior parte do tempo é comida de verdade, comida fresca, comida que a gente cozinha. Isso é comida. Não aqueles produtos que a gente compra pronto, lotados de conservantes, corantes e mais um monte de aditivo que faz do produto algo gostoso para o paladar, fazendo com que a pessoa sempre queira mais e mais”.
O problema, segundo ela, é que as pessoas pararam de comer arroz e feijão e ficam comendo comidas de pacote que são lotadas de açúcar, gorduras e sódio. “Vejo muita gente falando “eu não janto” (comida), mas aí come bolacha, biscoito, toma leite com um monte de achocolatado. Seria muito mais saudável se essa pessoa comesse uma quantidade equilibrada de comida real. Isso garantiria maior ingestão de nutrientes e daria mais saciedade”.
Sobre “roer o pé da mesa” – Quando as pessoas se submetem à dietas restritivas e no almoço comem apenas um pedacinho de carne e uma saladinha, normalmente bem sem graça, essa refeição é insuficiente para a real satisfação física e emocional, explica a nutricionista. “Então, quando o dia vai passando a fome vai aumentando e o cérebro foca cada hora mais em comida, principalmente os energéticos, que são principalmente os carboidratos simples e as gorduras, aí junta com a questão emocional que pede por algo gostoso e, nesse momento, a chance da pessoa passar na padaria ou no drive-thru e pegar tudo e mais um pouco é muito maior do que se tivesse feito uma refeição completa e equilibrada, por exemplo, com arroz, feijão, carne e muitos vegetais”.
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