Registros podem indicar rastro do dinheiro desviado dos cofres públicos
A 3ª fase da Operação Tromper, que desvendou esquema de fraude em licitações para desvio de milhões em contratos com a Prefeitura de Sidrolândia, rendeu e colocou na mira do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) e Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), equipes do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), empresários e nomes conhecidos no meio político.
Em pouco mais de 2,5 mil folhas, em processo que já chegou à página 12.864, o Gaeco “despejou” fotos e cópias do material apreendido durante as buscas em 28 endereços vasculhados no dia 3 de abril. Em meio às planilhas digitadas e documentos, o que chama a atenção são anotações “à moda antiga” em agendas e cadernos, onde são citados valores, percentuais, “acertos”, nomes e apelidos.
Uma das agendas, apreendida na sede da AR Pavimentação e Sinalização, em Sidrolândia, pertence a Edmilson Rosa – ao menos estava no escritório dele, descreveu o Gaeco. “Rosinha”, como é conhecido o empreiteiro, está entre os réus em ação penal derivada da Tromper, e nas anotações dele, há o nome “Claudinho”, provavelmente em referência a outro acusado, o vereador Cláudio Jordão de Almeida Serra (PSDB), que tem apelido no diminutivo, ao lado de um valor, “500.000.00”.
No mesmo conjunto de páginas, há várias listas com nomes, conhecidos ou não, ao lado de anotações de porcentagens ou valores. Empreiteiro com apelido “famoso” e investigado na Operação Cascalhos de Areia, que investigou esquema de milhões em obras de “fachada” em Campo Grande é um dos que aparece nas anotações encontradas na sala de Rosa.
Ainda na agenda e em outro caderno, também encontrado no escritório de “Rosinha”, há anotações sobre políticos – que ocupam cargos públicos, são lideranças partidárias e até de pessoa que já anunciou pré-candidatura à Prefeitura de Campo Grande. Numa dessas listas que citam políticos, estão os nomes seguidos da palavra “Ok”.
Os apelidos também podem indicar aos investigadores qual caminho seguir no rastro do dinheiro público supostamente desviado dos cofres de Sidrolândia. “Cabeça branca”, “Galego”, “Pangaré”, “Petequinha” e “Tucano” são alguns deles.
Numa das páginas do caderno, há a indicação de pagamento no valor R$ 150 mil nas mãos de alguém.
Operação Tromper
A terceira fase da Tromper levou oito pessoas para a cadeia no dia 3 de abril. Os investigados, dentre eles o vereador Claudinho, apontado como líder do esquema, foram libertados 23 dias depois.
No dia 17 de abril, o MPMS denunciou 22 pessoas por envolvimento no esquema fraudulento. A acusação alega que o grupo tinha “atuação predatória e ilegal”, agindo com “gana e voracidade”.
Além de Claudinho, o empresário Ricardo José Rocamora Alves e Ueverton da Silva Macedo, o “Frescura”, também são considerados chefes da organização montada para fraudar licitações na cidade do interior.
Na denúncia, ofertada pelo Gecoc e 3ª promotoria de Sidrolândia, Claudinho Serra é acusado pelos crimes de associação criminosa, fraudes em contrato e em licitação pública, peculato e corrupção passiva; Rocamora por fraude em licitação e corrupção ativa, assim como “Frescura”, também acusado de peculato.
Serra assumiu, inicialmente, uma das cadeiras da Câmara de Campo Grande no dia 23 de maio do ano passado. Ele era suplente do parlamentar professor João Rocha (PP), que se licenciou do cargo de vereador para assumir a Secretaria de Governo da Prefeitura da Capital. Com a volta de Rocha para a Câmara, Claudinho assumiu em março deste ano a vaga de Ademir Santana, que saiu para atuar na campanha eleitoral da legenda.
Antes disso, ele foi secretário de Fazenda em Sidrolândia, cidade a 71 km a Capital, governada pela sogra dele, a prefeita Vanda Camilo (PP).
(*) Os nomes encontrados nas anotações à mãos nos endereços dos alvos da Tromper foram preservados porque essas pessoas não são investigadas, ainda. Os acusados que tiveram as identidades reveladas nesta matéria ainda não deram suas versões.
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Por:Campo Grande News
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